O Café sob Geada

Relato de Eder M. Jacomini - 16/12/2015

Cheguei ao município de Jussara, em 1959, com meus pais e dois irmãos. Depois de atravessar a balsa no Rio Ivaí nos estabelecemos no sítio da família na estrada Buriti, Gleba do Rio Cananeia.

Embora, somos de família de paulistas, viemos para cá do município de Bela Vista do Paraíso, região de Londrina, com o propósito tocar lavoura de café, mas também cultivar lavoura de algodão, devido à propriedade estar localizado numa área baixa, sofria muito com a geada, o algodão começava a ser a saída.

Logo, além dos dez alqueires próximos a ponte do Cananeia, adquirimos um lote de nove alqueires próximo a Panaceia. Outra característica da época era a precariedade da estrada Buriti. Não obstante, sem cascalhamento, era mal conservada.

Nas épocas de chuva ficava intransitável, muita lama, muito barro. Trafegar ali só se fosse num lombo de cavalo. Na pedreira, próximo ao asfalto (atual, antes não existia a Rodovia), minava água que escorria pela estrada. Camioneta ou carroça, nem pensar.

A safra de café, quando se conseguia e a geada deixava, era entregue nas cafeeiras da cidade. Como também a safra de algodão era entre nos cerealistas; assim como outros produtos que eram colhidos entre as ruas dos cafezais: arroz, milho, feijão, etc.

Vir à cidade somente para compromissos certos, como festa da Igreja Matriz, missa aos domingos, compras no comércio, entrega das safras nos cerealistas ou cafeeiras.

Nota do Editor

Segundo o autor de A economia cafeeira "Neste afoito de buscar a riqueza da ‘civilização do café' nem se importava que o mercado de café é muito vulnerável à especulação, enquanto sua produção costuma ser instável, causando ainda oscilações inerentes à curva de preços", (Amaral, Ed. Brasiliense, 2ª edição, São Paulo, 1986 p. 7).

Além do mercado instável, as geadas sempre foram o grande vilão nessa história. Em todos os relatos, a euforia pelo café acabava dizimada pelas geadas juntamente com os cafezais.

Segundo o autor do livro Colonização e desenvolvimento do Norte do Paraná , "os nomes das águas, estradas, tinham origens diversas: desde o dicionário guarani, acidentes geográficos europeus, nomes de santos e até mesmo nomes de namoradas de seus agrimensores", (CMNP. São Paulo, 1975.)

Portanto, Buriti é a designação das plantas da família das palmas comum nas coberturas de casas rústicas, como as tulhas, até mesmo residência. Assim, comprovam os inúmeros relatos do livro em comemoração ao cinquentenário da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, publicado em 1975.

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